sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sem Jeito Maria

Dizia Maria...
frente ao espelho

Pensava Maria...
a caminho

Calava-se Maria...
ao chegar

Voltava Maria...
com o silêncio

E, outro dia,

Dizia Maria

Pensava Maria

Calava-se Maria.

Voltava Maria

Sempre...

Dizia, Pensava, Calava-se, Voltava.

E, mais um dia...

Dizia, pensava, calava-se Maria

Voltando Maria...

Pobre Maria

Morre Maria

E não sabe-se o que queria

Pobre Maria,

Ninguém a via!

Simples e avesso

Os dias, as noites se vão.

E o luto? Constante!

Luto de amor dissipado,

De não ser luto, luto enganado,

Momentos em vão!

Gosto amargo, desde então,

Das rodas que rodam:

A Vida!

Que mais gira em volta de si

Que mais padece e gira,

Roda, contra roda,

Inverte a corrente,

Põe do avesso a engrenagem de ser, e vive por assim dizer: loucura

E cada passo é um regresso.

Meio retrocesso

Num processo

Sem progresso

Apenas regresso, regresso, regresso...

Quase deixando de existir.

Ou sentir.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sons


Caí a chuva.
Chuva mansa
chuuuuuuuuuva.
Chuva brava
chuvaaaaaaaaa.
Junto a ela
o trovÃo,
o rAio.
Começa o vento
asssssssssoprar.
Limpa o céu.
aparece o sOl.
Depois dele,
leeeeeeeeerdiiiiiiiiinha
chega a lUa.
Hora de dormir
Zzzzzzzzz. 

Dúvidas


Sonhei e acordei.
ou
Acordei e sonhei?

Posso:
Acordar e sonhar.
ou
Sonhar e acordar?

Tantas dúvidas!

Pois então,
Penso logo existo.
ou
Existo logo penso?

Por que tantas reflexões?
É só viver.
ou
É viver só?
Não sei!
Só sei que nada sei.
ou
Sei nada porque só sei?

Melhor parar.
Antes que enlouqueça.
ou
já sou louco?

domingo, 20 de novembro de 2011






AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.





Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DEVANEIO





Já está à venda o Romance Devaneio. Ele pode ser adquirido pelo site da editora:










Abaixo a sinopse:






... Devaneios...
"Demorou perceber tudo o que estava acontecendo. Eu sabia que aquele amor me matava aos poucos, e aos poucos eu me desprendia daquilo que acreditava. Às vezes eu imaginava como era o sabor da morte. Seria como um sonho; fechavam-se os olhos e viajava-se nas dimensões do desconhecido? Ou seria como uma sessão de tortura? O que eu não esperava era que a minha morte fosse o segredo da minha existência. Será se todos morrem assim; desaparecendo-se aos poucos? A minha era a morte mais lenta e cruel, disso eu tinha certeza."
Bastou conhecer Beatrice para que Fred se descobrisse totalmente dependente daquele amor: Beatrice era o segredo da sua existência. Mas seus Devaneios não o deixam enxergar os mistérios que se escondem por trás daquele romance. Vida, morte, razão e loucura: tudo se perde no infinito dos seus Devaneios.

... Delírios...
“Delirei em meus anseios de um amor não correspondido. Pensei nas palavras não ditas, nos beijos não dados. Os beijos. Tanto desejei-os. Só os tinha nos sonhos de todas as noites. E ainda que não reais, guardava-os como uma lembrança doce daquela que amei”.
O mundo de Rafael começou a girar em torno de Aline assim que ele descobriu sentir uma paixão avassaladora por ela. Surge então a difícil tarefa de conquistá-la. Mas o que fazer quando o amor se torna a causa da sua cegueira?






-------------------------------------------


ADQUIRA JÁ O SEU EXEMPLAR!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Nossos Passos


Seus passos,
Não eram meus passos.
Seguiam-me.
Vinham atrás.

Seus passos,
Alcançaram meus passos,
Acompanharam-me
Vinham...

Dançaram...
Bailaram...
Amaram...
Tornaram a dançar...
Bailar...
Amar...

A música acabou...

Perdi o ritmo.

Meus passos,
Não eram seus passos.
Seguiam-te.
Iam atrás.